O setor financeiro está cada vez mais inquieto diante das metas fiscais estabelecidas pelo governo para o ano de 2024. Existe uma crescente dúvida entre os especialistas e analistas de mercado sobre se o governo terá a capacidade de cumprir sua promessa audaciosa de erradicar completamente o déficit primário no prazo estipulado.
A complexidade das negociações políticas e as projeções de arrecadação são apontadas como principais causas dessa incerteza. A grande questão que paira é: o governo está realmente preparado para superar esses desafios e alcançar tal feito fiscal?
Visão de Especialistas em Investimentos
Jeferson Bittencourt, ligado à ASA Investments, realça que a estimativa de um aumento de receita de R$ 168 bilhões é ambiciosa. Ele destaca:
“Olhando para a impossibilidade de grandes ajustes de despesas, surgem incertezas sobre o pacote proposto”. De acordo com ele, entraves como a aprovação no Congresso e a viabilidade política podem ser desafiantes.
Trazendo um paralelo, Bittencourt menciona que, se considerássemos a arrecadação de dois anos anteriores relacionados a renegociações de dívida, o montante chegaria apenas a R$ 60 bilhões.
Portanto, a meta atual supera os valores anteriores em cerca de 50%. Ele observa:
“Receitas ‘one-off’ podem não estar disponíveis em 2025”.
A Visão do Setor Bancário
Por outro lado, Claudia Moreno, do C6 Bank, reconhece que a meta de zerar o déficit é louvável, mas vê obstáculos pela frente. Ela afirma:
“A incerteza sobre arrecadações extras é notável, pois muitas delas ainda aguardam aprovação no Congresso”.
Relatório da XP Investimentos
Recentemente, a XP Investimentos apresentou um relatório focando nas diferenças de receitas previstas pelo governo e as prováveis.
O documento salienta que a arrecadação realista gira em torno de R$ 85 bilhões. A XP também destaca riscos políticos e uma possível deterioração do cenário macroeconômico.
Especialistas em Despesas Públicas
Ricardo Jorge, especialista da Quantzed, pondera sobre a viabilidade das projeções adicionais de receitas. Ele enfatiza:
“O que temos ‘certo’ atualmente são R$ 52 bilhões”. Jorge ressalta que a discussão não deve se limitar a receitas, mas também abordar a questão do gasto público no Brasil.
Danilo Igliori, da Nomad, argumenta que muitas variáveis podem influenciar as metas fiscais. Ele opina que “a PLOA proposta é altamente dependente de um aumento significativo de receitas”.
Assim, o risco é palpável, pois mesmo com aprovações legislativas, muitos fatores estão fora do controle do governo.