No final de agosto, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos fez uma recomendação histórica à DEA (Administração de Repressão às Drogas).
A sugestão era que a cannabis fosse reclassificada da categoria I para a categoria III. Em termos práticos, isso significaria tirar a maconha de uma classificação de alto risco, onde é comparada a substâncias como heroína e ecstasy, e movê-la para uma classificação de baixo risco, reconhecendo seu potencial medicinal.
Impacto nas Ações de Empresas de Cannabis
A notícia da possível reclassificação teve um impacto imediato no mercado de ações das empresas relacionadas à cannabis.
O índice NAMMAR (North American Marijuana Index) viu um aumento impressionante de 21,88% em apenas dois dias, entre 30 e 31 de agosto. Em setembro, a alta continuou, alcançando um aumento de 14,79%.
Desafios que Permanecem
Apesar desse otimismo inicial, a indústria da cannabis ainda enfrenta desafios significativos. O aumento de quase 37% nos últimos dias foi apenas suficiente para compensar as perdas acumuladas ao longo do ano pelo índice NAMMAR.
Entre janeiro e 8 de setembro, o índice teve apenas um modesto aumento de 2,88%. O ETFMG Alternative Harvest (MJ), o primeiro e maior fundo a investir diretamente na indústria de cannabis nos EUA, registrou perdas de 7,75% no ano e uma queda de 27,74% ao longo de três anos.
Desafios Regulatórios e Financeiros
Analistas identificaram diversos obstáculos que afetam a indústria, especialmente no segmento recreativo. Isso inclui a persistência do mercado ilegal, regulamentações variadas entre estados e países, bem como a competição com outros ativos em um cenário global de taxas de juros elevadas.
A Luta pela Inclusão Bancária
Um dos maiores obstáculos enfrentados pelas empresas legais de cannabis é o desafio bancário. Atualmente, essas empresas frequentemente enfrentam dificuldades para aceitar pagamentos com cartão de crédito, abrir contas bancárias ou obter financiamento.
O projeto de lei SAFE Banking Act, que busca resolver essas questões, foi aprovado sete vezes na Câmara dos Representantes, mas ainda está parado no Senado.
O Potencial da Indústria
Apesar das adversidades, a indústria da cannabis continua a crescer. Para 2023, prevê-se um aumento de 15% nas vendas globais, atingindo a marca de US$ 37 bilhões. Vários fatores impulsionam esse crescimento.
Foco no Segmento Medicinal
Um dos principais impulsionadores é o mercado medicinal. Recentemente, a FDA (Food and Drug Administration), a agência federal dos EUA responsável pela regulamentação de alimentos e medicamentos, aprovou medicamentos derivados da cannabis para tratar diversas condições médicas.
Expansão da Regulamentação Internacional
Outro fator significativo é a expansão da regulamentação da cannabis em âmbito internacional. Países como Alemanha, Austrália e Israel estão adotando medidas favoráveis à cannabis.
O Canadá, cinco anos após a legalização, observou um aumento considerável nas vendas de cannabis em 2022, totalizando 4,5 bilhões de dólares canadenses.
Oportunidades de Investimento
Para os investidores interessados, empresas como Curaleaf (CURLF) e Green Thumb Industries (GTBIF) são destacadas como bem posicionadas para aproveitar o potencial da indústria da cannabis.
Perspectivas no Brasil
No Brasil, o progresso em relação à legalização da cannabis tem sido lento. O uso medicinal requer prescrição médica e aprovação judicial para a compra de medicamentos importados.
No entanto, houve um aumento notável nas autorizações para a importação de medicamentos à base de cannabis em julho deste ano.
Crescimento ou Estagnação?
Embora a indústria da cannabis enfrente desafios, a tendência geral aponta para o crescimento. Pesquisas indicam que a maioria dos americanos é a favor da legalização em nível federal, e movimentos políticos e regulatórios continuam a ocorrer em diversos países.