O mercado do petróleo continua em ascensão, registrando seu quinto dia consecutivo de ganhos. Essa tendência de alta está levando os preços da commodity energética a atingir patamares que não eram vistos desde novembro de 2022.
Neste artigo, exploraremos o que está impulsionando esse rally persistente e as preocupações que estão surgindo em meio a essa escalada de preços.
Razões por Trás do Rally do Petróleo
O barril do petróleo WTI, referência nos Estados Unidos, com entrega prevista para novembro, fechou com um aumento de 0,62%, chegando a US$ 90,58.
Enquanto isso, o barril do Brent, referência global, também para novembro, teve um aumento de 0,53%, alcançando US$ 94,43. Esses números são reflexo de um movimento implacável do petróleo nos últimos tempos.
Craig Erlam, analista-sênior de mercados da Oanda, enfatiza que esse rali do petróleo tem sido impressionante, com um aumento de cerca de 15% em apenas três semanas.
Esse movimento é notável e coloca o preço do petróleo em níveis que não eram vistos desde o ano passado. Erlam sugere que esse rali pode ainda ter espaço para continuar.
Eficiência dos Cortes na Produção
Um dos fatores-chave por trás desse aumento de preços é a eficácia dos cortes na produção de petróleo. A Arábia Saudita e a Rússia, líderes na Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), têm implementado cortes na produção de petróleo de forma consistente.
Esses cortes têm como objetivo restringir a oferta de petróleo, elevando os preços, e essa estratégia tem se mostrado bem-sucedida.
Até Onde os Cortes de Produção Podem Ir?
No entanto, uma questão importante que se coloca é até que ponto esses cortes na produção podem ser mantidos.
O mercado tem reagido de forma excepcionalmente forte a essas reduções de oferta, gerando dúvidas sobre se elas foram longe demais. Essa incerteza paira sobre o mercado, especialmente à medida que os preços continuam a subir.
Inflação Global e as Ações dos Bancos Centrais
A escalada dos preços do petróleo levanta preocupações em relação à inflação global. Alguns temem que o aumento dos preços do petróleo possa reacender a inflação global, levando os bancos centrais a adotar políticas mais rígidas no curto prazo. Isso inclui a possibilidade de suspender os cortes de juros previstos para o próximo ano.
Neil Shearing, economista-chefe da Capital Economics, acredita que essa preocupação não deve persistir por muito tempo.
Ele argumenta que os investidores deveriam prestar mais atenção ao comportamento da inflação subjacente, que deve mostrar uma queda gradual ao longo do próximo ano. Isso ocorrerá à medida que os efeitos da pandemia diminuam e as políticas monetárias mais restritivas tenham efeito.
Desafios à Inflação: Efeitos de Segunda Ordem
No entanto, é importante observar que preços do petróleo mais elevados por um período prolongado podem afetar a inflação subjacente por meio do que é conhecido como “efeitos de segunda ordem”.
Isso acontece quando empresas repassam para os consumidores os custos mais elevados da energia, o que pode aumentar a inflação. No entanto, esses efeitos tendem a ser mais significativos em um ambiente econômico forte.
Dado que muitas das principais economias avançadas estão enfrentando perspectivas de recessão moderada nos próximos seis meses, é provável que forças desinflacionárias tenham um impacto mais dominante.