Em um mundo cada vez mais dominado pelos avanços tecnológicos, é difícil imaginar que, em meados dos anos 2000, a Microsoft, atualmente avaliada em mais de US$ 2 trilhões, estava em declínio e considerada obsoleta.
Quando Satya Nadella assumiu a posição de CEO da empresa em 2014, substituindo Steve Ballmer, ele enfrentou um desafio monumental: transformar uma gigante do software em uma potência de dispositivos e serviços.
A ascensão dos smartphones estava gradualmente tornando os tradicionais PCs uma escolha menos popular para o acesso à internet.
Durante a chamada “década perdida”, a Microsoft lançou diversas ações malsucedidas e dispendiosas, como o Windows Mobile e a aquisição da divisão de celulares da Nokia, em uma tentativa desesperada de recuperar sua relevância no mercado.
Enquanto isso, empresas focadas em inovação, como a Apple, e nativas digitais, como Google, Amazon e Facebook, estavam na vanguarda.
A fim de reinventar a empresa, o novo CEO precisava reverter as estratégias desastrosas e adaptar os produtos da Microsoft às demandas do mercado contemporâneo.
Este artigo explora as primeiras ações de Satya Nadella em busca dessa transformação e como ele levou a Microsoft de volta ao topo da indústria de tecnologia.
Descubra quem é Satya Nadella
Satya Narayana Nadella nasceu em 19 de agosto de 1967, em Hyderabad, Índia. Seu interesse precoce pela tecnologia e pelo “ato de criar coisas novas”, como ele descreve, o levou a cursar Engenharia Elétrica na Universidade de Mangalore, na Índia.
Após concluir sua graduação em 1988, Nadella seguiu o caminho de muitos estudantes talentosos da época: ganhou uma bolsa de estudos e mudou-se para os Estados Unidos para realizar um mestrado em Ciências da Computação na Universidade de Wisconsin-Milwaukee.
Durante seus estudos, Nadella começou a trabalhar na Sun Microsystems, onde permaneceu até concluir seu mestrado em 1992, o mesmo ano em que ingressou na Microsoft. Em 1997, ele voltou à academia, dessa vez para um mestrado em Administração de Empresas na Universidade de Chicago.
Os Primeiros Passos na Microsoft
A escolha de Satya Nadella como CEO da Microsoft, no momento mais desafiador da empresa, não foi uma surpresa, considerando seu profundo entendimento da cultura e dos desafios internos da gigante de tecnologia.
Em 1992, ele foi contratado para gerenciar o grupo de Relações com Desenvolvedores do Windows e, pouco tempo depois, assumiu a vice-presidência de Pesquisa e Desenvolvimento para a divisão de serviços online da empresa.
Ao longo dos anos, Nadella ascendeu à vice-presidência da Microsoft Central, a divisão que oferecia serviços a pequenas empresas, e liderou a área de servidores da Microsoft.
Durante esse período, ele contribuiu para o desenvolvimento do Windows Service, um sistema operacional voltado para servidores, e de produtos e serviços para empresas, como o Office Small e o Dynamics ERP.
A Revitalização da “Big Tech”
Após criar o Windows, que popularizou o uso de computadores entre o público em geral, a Microsoft enfrentou um período de estagnação, uma vez que estava quase inteiramente dependente desse produto.
Enquanto isso, os consumidores estavam adotando cada vez mais a computação em nuvem, que permitia o acesso a dados e serviços de qualquer lugar do mundo.
Quando Nadella assumiu como CEO em 2014, uma de suas primeiras prioridades foi reverter essa situação, uma vez que a computação em nuvem oferecia às empresas um potencial de crescimento significativamente maior.
No entanto, ele também enfrentou o desafio de motivar uma equipe desanimada pelo desempenho decepcionante dos smartphones da Nokia.
No início de sua gestão, a Microsoft gerava aproximadamente US$ 4 bilhões por ano com serviços de nuvem. Nadella estabeleceu uma meta ambiciosa: aumentar essa receita para US$ 20 bilhões até o final de 2018.
Surpreendentemente, a meta foi alcançada antes do previsto. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo na época, Paula Bellizia, então presidente da Microsoft Brasil, afirmou que o objetivo foi alcançado um ano antes do prazo.
“Transformamos a empresa de um fornecedor de software empacotado em uma plataforma de serviços na nuvem”, declarou a executiva.
O Microsoft Azure, um serviço de nuvem lançado em 2010, cresceu a ponto de se tornar um concorrente direto do Amazon Web Services.
A abordagem discreta e simplificada de liderança de Nadella conquistou elogios de colaboradores e, juntamente com resultados excepcionais, o levou a ser eleito presidente da Microsoft em junho de 2021. Antes dele, apenas o fundador da empresa, Bill Gates, havia ocupado essas duas posições em 2000.
Diversificação do Portfólio
Embora a ênfase estivesse na expansão dos serviços de nuvem, Nadella também reconheceu a importância da diversificação do portfólio da Microsoft.
Em 2014, a empresa adquiriu a Mojang, criadora do popular jogo Minecraft, por US$ 2,5 bilhões. Quatro anos depois, o LinkedIn também passou a integrar os ativos do grupo, em uma aquisição de US$ 26 bilhões.
Essas aquisições estratégicas fortaleceram a posição da Microsoft em segmentos-chave do mercado de tecnologia.
A abordagem de liderança de Nadella, baseada na empatia e na entrega de resultados acima do esperado, redefiniu a Microsoft. Ele implementou estratégias que aproximaram a alta administração da empresa dos profissionais de TI em geral.
O compromisso com a inovação, a visão de longo prazo e a capacidade de se adaptar às mudanças no mercado foram elementos cruciais para o sucesso de Nadella e da Microsoft.
O Livro “Hit Refresh” e a Reflexão sobre o Futuro
Satya Nadella lançou o livro “Hit Refresh” em 2017, que aborda temas como as transformações trazidas pela tecnologia para a vida das pessoas, dentro e fora da Microsoft. Bill Gates descreve o livro como “um guia reflexivo para um futuro emocionante e desafiador”.
Em suas páginas, Nadella compartilha sua visão sobre a evolução da tecnologia e seu impacto nas organizações e na sociedade como um todo.
Vida Pessoal
Satya Nadella é casado com Anupama Nadella desde 1992, e o casal tem três filhos: Zain, Tara e Vivya.
Além de sua paixão pela tecnologia, o CEO e presidente da Microsoft tem o críquete como hobby, demonstrando assim sua conexão com suas raízes indianas e seu compromisso com suas atividades pessoais.