Nos últimos dias, o dólar ultrapassou o marco dos R$ 5, e os analistas preveem que essa valorização pode continuar por um tempo. Embora as tendências cambiais sejam imprevisíveis por natureza, os eventos recentes sugerem um cenário de fortalecimento da moeda americana e declínio do real.
Causas Internacionais Elevando o Dólar
Diversos fatores globais estão influenciando a força atual do dólar. Um destaque particular nesse cenário foi uma resolução recente do banco central dos EUA. Em uma medida tomada no mês passado, o Federal Reserve optou por não alterar suas taxas de juros, que já estão em níveis notoriamente altos.
Esta decisão veio acompanhada de declarações mais firmes do Fed a respeito dos desafios da inflação, a qual ainda não atingiu o patamar desejado.
Paralelamente, os EUA exibem uma economia em ascensão, mesmo com medidas monetárias restritivas.
“Isso colabora com a ideia de que o Fed não chegou a uma taxa terminal, vai precisar subir mais os juros e as taxas vão continuar elevadas por mais tempo”, compartilha Felipe Izac da Nexgen Capital. “Isso fortalece a moeda americana frente a outras divisas mundo afora”.
A Dinâmica dos Mercados Emergentes
O cenário de juros elevados nas potências mundiais coloca os ativos de países em desenvolvimento, como o Brasil, em uma posição menos favorável para os investidores estrangeiros. Segundo Haryne Campos, da WIT Exchange, isso pode resultar em pressões sobre o real, levando à fuga de capitais.
Sua visão é que “Neste momento, os indicadores são de que o dólar se mantenha em um patamar mais elevado, uma vez que dificilmente o Fed deve afrouxar a política monetária e reduzir as taxas de juros”.
Os futuros relatórios econômicos dos EUA são aguardados com grande expectativa, especialmente dados importantes que serão liberados em breve.
Entre esses, as estatísticas sobre empregos, fornecidas pelo Departamento de Trabalho dos EUA, são de particular interesse, visto que o Fed as considera uma variável significativa nas taxas inflacionárias.
Fatores Domésticos e Globais Influenciando o Dólar
A pujança da economia dos EUA é um motivo de alerta para profissionais como José Faria Junior da Wagner Investimentos. Ele ressalta que:
“Nosso principal temor é a força da economia americana e o dado do Produto Interno Bruto [PIB] do terceiro trimestre, que vai ser divulgado em 26 de outubro e poderá surpreender o mercado”. As previsões atuais para esse trimestre indicam um crescimento do PIB entre 5% e 6%.
Faria Junior enfatiza que a maioria das razões para a força do dólar é internacional. Contudo, questões nacionais no Brasil também desempenham um papel.
Diego Costa da B&T Câmbio adiciona que “Espera-se que, com a aproximação do final do ano, as importações feitas pelo Brasil voltem a ter maior aquecimento e que a demanda por moeda estrangeira aumente, gerando um fluxo diferente do que observamos no primeiro semestre”.
O cenário na China, particularmente a crise no setor imobiliário, também é relevante para o Brasil. “Dado que a China é nosso principal cliente, notícias ruins por lá também afetam nossa economia”, destaca.