Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou o projeto “Desenrola”. Este esforço direcionado à reestruturação de débitos agora está no domínio dos bancos para determinar as limitações nas taxas de juros aplicadas a pagamentos atrasados. Como resultado, os impactos nas empresas listadas no mercado acionário estão sob intensa análise.
Perspectivas Financeiras na Esteira do Novo Regulamento: A Visão da XP
Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, analistas da XP, expressam sua visão: “Embora os impactos financeiros pareçam modestos, seguimos acreditando que a aprovação de um teto tende a ser negativa para a percepção de risco do setor”.
Eles continuam explicando que, após a ratificação presidencial, os bancos possuem um período de 90 dias para apresentar sua proposta ao Conselho Monetário Nacional (CMN).
A determinação sugere que os fornecedores de serviços de cartão de crédito ponderem e apresentem restrições de juros. No entanto, a interpretação desse regulamento não é uniforme. A equipe da XP destaca que há diversas interpretações sobre o teto do crédito rotativo.
Repercussões Potenciais para Instituições Bancárias
A adoção e interpretação específica do teto para o crédito rotativo determinará as ramificações para os bancos. Se uma taxa anual de 100% for estabelecida como padrão, os lucros dos bancos podem ser afetados.
Usando o Itaú como um estudo de caso, a XP prevê possíveis cenários: “Utilizando como base os dados do Itaú (ITUB4), estimamos que o lucro líquido proveniente do rotativo seja da ordem de R$ 600 milhões”.
Entendendo o Peso do Crédito Rotativo
O crédito rotativo, em sua essência, é uma modalidade de empréstimo de alto custo para o consumidor. As estatísticas revelam uma taxa anual surpreendente de 445% em agosto passado.
Este tipo de crédito, dado seu caráter não garantido, traz consigo riscos elevados para as instituições financeiras. No entanto, ele é fundamental na geração de receitas a partir de transações de cartão.
O Que as Mudanças Significam para Empresas de Processamento de Pagamentos?
Enquanto os holofotes estão majoritariamente voltados para os bancos, empresas de processamento de pagamentos não devem se esquivar.
Morgan Stanley ressalta que, se a flexibilidade de parcelamento for confinada a seis meses, poderia haver uma queda drástica nas receitas das empresas de processamento.
O JP Morgan também traz à tona a importância das opções de longo prazo para essas empresas. Restringir essas opções, considerando o novo cenário, pode desencadear um declínio em sua rentabilidade.
Adicionalmente, elas devem estar preparadas para adaptar-se a tendências emergentes, como a popularização do PIX e possíveis futuras diretrizes.