Ataques aéreos na Faixa de Gaza resultaram na morte de um fabricante de armas do Hamas e de vários combatentes, informaram fontes militares israelenses nesta quarta-feira. A ofensiva aérea e terrestre realizada pelas forças israelenses tem como alvo a rede de túneis utilizados pelos militantes que se encontram no enclave palestino sitiado.
A cidade de Gaza, que é o principal reduto do grupo militante Hamas na região, encontra-se atualmente cercada pelas forças israelenses. As forças militares afirmaram que avançaram até o centro da cidade, que é densamente povoada, enquanto o Hamas alega que seus combatentes conseguiram causar grandes prejuízos às forças inimigas.
De acordo com relatos, várias testemunhas presenciaram uma grande quantidade de pessoas deixando as áreas do norte e se dirigindo para o sul, por uma estrada que estava sendo supervisionada por tanques israelenses, na quarta-feira. Essa movimentação ocorreu durante uma janela de quatro horas diárias, estabelecida pelas forças israelenses, com o intuito de permitir a saída dos civis da região.
“Há ainda milhares de pessoas que permanecem dentro da área cercada, incluindo o hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza. Foi lá que Um Haitham Hejela encontrava-se abrigada, em uma tenda improvisada, juntamente com seus filhos pequenos.”
“A situação está se deteriorando a cada dia“, expressou ela. “A escassez de alimentos e água é cada vez mais grave. Quando meu filho vai buscar água, ele passa três ou quatro horas na fila. As padarias estão sendo atacadas e não temos pão.”
No segundo mês da guerra, a ONU e os países do G7 estão fazendo ainda mais apelos por uma pausa humanitária nas hostilidades para aliviar o sofrimento em Gaza. A situação é alarmante na região, com a destruição de edifícios e a escassez de suprimentos básicos. De acordo com as autoridades palestinas, mais de 10 mil pessoas foram mortas, sendo 40% delas crianças.
“Segundo o porta-voz da agência de saúde da ONU, Christian Lindmeier, o número de mortes e o nível de sofrimento são extremamente complexos de serem compreendidos em sua totalidade.”
Israel lançou um ataque contra Gaza em retaliação a um ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro. O ataque do Hamas resultou na morte de 1.400 pessoas, a maioria civis, além de cerca de 240 reféns, de acordo com informações do governo israelense. Esse conflito se tornou um dos episódios mais violentos em décadas do longo e contínuo conflito entre israelenses e palestinos.
Israel declarou sua intenção de eliminar o Hamas, um grupo islâmico que governa Gaza, por meio de ataques aéreos, terrestres e marítimos. Essas operações são acompanhadas por avanços das tropas terrestres, que visam dividir a estreita faixa costeira em duas partes, resultando em combates urbanos intensos entre os escombros dos edifícios.
As forças militares de Israel relataram na quarta-feira que realizaram dois ataques distintos que resultaram na eliminação de um importante fabricante de armas do grupo Hamas, Mahsein Abu Zina, e de combatentes envolvidos no lançamento de foguetes.
Confrontos recentes entre forças israelenses e militantes foram reportados pela mídia palestina nas proximidades do campo de refugiados de al-Shati, localizado na Cidade de Gaza. De acordo com as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do Hamas, um tanque israelense foi destruído durante o confronto.
A Reuters não foi capaz de verificar as alegações de ambos os lados no campo de batalha.
Após o líder mais importante do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, ter sido encurralado em seu bunker pelos israelenses, as autoridades de Israel não divulgaram mais informações sobre o possível destino dele. Sinwar é considerado um dos principais responsáveis pelos ataques ocorridos em 7 de outubro.
O contra-almirante Daniel Hagari, principal porta-voz militar, anunciou que uma equipe de engenheiros de combate está utilizando dispositivos explosivos para destruir uma rede extensa de túneis construídos pelo Hamas sob a região de Gaza. Esses túneis se estendem por centenas de quilômetros e representam uma ameaça significativa à segurança da região.
Segundo informações do Hamas e do grupo militante Jihad Islâmica, os tanques israelenses enfrentaram obstáculos significativos ao se depararem com resistência por parte dos combatentes do Hamas, que utilizaram os túneis para organizar armadilhas. De acordo com Israel, 33 soldados foram mortos durante os confrontos.
A atual situação de conflito ocorre principalmente na região norte da Faixa de Gaza. Como medida de precaução, Israel recomendou que os civis busquem refúgio no sul. Além disso, também têm ocorrido bombardeios em áreas do sul.
Em Khan Younis, uma das principais cidades do sul, ocorreu um ataque que resultou na morte de seis palestinos, entre eles uma jovem. Médicos relataram que as vítimas estavam em uma casa que foi atingida. A Reuters teve acesso aos corpos da menina e de pelo menos outras duas pessoas, que foram levados para um hospital.
De acordo com informações da ONU, aproximadamente dois terços dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza estão atualmente deslocados internamente. Esses números significam que milhares de pessoas estão buscando refúgio em hospitais, inclusive em abrigos improvisados de lona que foram montados em seus estacionamentos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que o sistema de saúde de Gaza está em iminente colapso devido aos constantes ataques aéreos, superlotação de pacientes e escassez de medicamentos e combustível.
De acordo com a ONU, a contínua violência e o bombardeio indiscriminado têm sobrecarregado gravemente o já precário sistema de saúde de Gaza. Os ataques aéreos têm destruído hospitais, clínicas e centros de saúde, limitando ainda mais a capacidade de atendimento médico à população.
A situação é agravada pela crescente demanda por atendimento médico, à medida que cada vez mais pessoas são feridas ou perdem seus lares devido aos conflitos. Os hospitais estão sobrecarregados, com salas de emergência lotadas e falta de leitos. Além disso, muitos profissionais de saúde também foram afetados pelos ataques, dificultando ainda mais o funcionamento adequado do sistema.
A escassez de medicamentos e combustível agrava a crise. A falta de suprimentos médicos essenciais, como analgésicos, antibióticos e materiais cirúrgicos, torna difícil o tratamento adequado dos pacientes. Além disso, a falta de combustível impede o funcionamento regular de geradores, essenciais para manter os hospitais em funcionamento.
A ONU fez um apelo urgente por uma cessação imediata das hostilidades, a fim de permitir o acesso seguro e ininterrupto à assistência médica em Gaza. Também solicitou apoio internacional para fornecer ajuda humanitária, incluindo medicamentos, suprimentos médicos e combustível, a fim de reabastecer o sistema de saúde.
É crucial que a comunidade internacional se una para aliviar a situação desesperadora em Gaza. A proteção dos civis e a garantia do acesso à assistência médica são direitos humanos fundamentais que devem ser respeitados. O colapso do sistema de saúde de Gaza teria consequências devastadoras para a população e exigirá um esforço conjunto para evitar o pior cenário.
“Se não agirmos sem demora, a situação de alguns pacientes irá piorar significativamente. Infelizmente, muitas pessoas enfrentarão a morte prematura devido à falta de acesso adequado ao tratamento“, alertou Osama Qadoumi, supervisor do Hospital Makassed.
Os ministros de Relações Exteriores do G7, que se encontraram em Tóquio, fizeram um chamado por uma trégua humanitária nos confrontos e uma busca por um “processo de paz”.