Uma integrante do principal conselho consultivo da cúpula climática COP28 pediu demissão nesta sexta-feira devido a relatos de que a liderança dos Emirados Árabes Unidos planejava usar o evento para garantir acordos de petróleo e gás, de acordo com sua carta de demissão vista pela Reuters.
Ao renunciar, Hilda Heine, ex-presidente das Ilhas Marshall, disse que os relatos de que os Emirados Árabes planejavam discutir possíveis acordos de gás natural e outros acordos comerciais antes da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) eram “profundamente decepcionantes” e ameaçavam minar a credibilidade do processo de negociação multilateral.
“Essas ações prejudicam a integridade da presidência da COP e o processo como um todo”, escreveu Heine na carta que enviou ao presidente da COP, Sultan al-Jaber.
Ela acrescentou que a única maneira de Jaber restaurar a confiança no processo era “apresentar um resultado que demonstre que você está comprometido com a eliminação gradual dos combustíveis fósseis”.
Jaber negou os relatos da BBC e do Centre for Climate Reporting.
Em resposta à demissão de Heine, um porta-voz da presidência da COP28 disse estar “extremamente decepcionado com a renúncia da Dra. Heine”.
“Apreciamos seus conselhos ao longo do ano e gostaríamos que ela estivesse conosco aqui nos Emirados Árabes Unidos, comemorando a adoção de um fundo que apoiará os Estados insulares vulneráveis e os mais afetados pelos impactos climáticos”, disse o porta-voz.
As negociações da COP28 começaram na quinta-feira com um acordo para criar um fundo de “perdas e danos” que já mobilizou milhões de dólares.
Heine foi uma figura proeminente nas negociações globais sobre o clima, representando os países mais vulneráveis aos impactos climáticos e uma das principais vozes no pedido de criação de um fundo para ajudar esses países.