Recentemente foi divulgado que a privatização da Sabesp está em processo, e essa movimentação está gerando grande expectativa entre os investidores em relação aos dividendos que poderão ser distribuídos.
Com o governo perdendo o controle da empresa, há potencial para um aumento na remuneração aos acionistas, mas essa resposta não é tão simples quanto parece, e várias considerações devem ser levadas em conta, incluindo a esperança de retornos maiores e algumas incertezas quanto ao momento exato em que esses benefícios se concretizarão.
A previsão, segundo analistas, é que a privatização ocorra até setembro de 2024.
Esse processo está sendo acelerado tanto devido ao timing de mercado favorável quanto ao interesse de agentes políticos que desejam evitar que a Sabesp se torne um tema sensível nas eleições municipais de outubro do ano que vem.
O modelo final ainda não foi completamente definido, mas a expectativa é de que envolva uma oferta subsequente de ações (follow-on) para diluir a participação do Estado. Atualmente, o governo de São Paulo é o acionista majoritário, detendo 50,26% das ações ordinárias da Sabesp.
Desafios no Pós-Privatização
Mesmo com a privatização em andamento, algumas questões permanecem em aberto. A principal delas é o grau de governança e as atribuições do novo acionista de referência, que ainda precisam ser definidos.
Além disso, a participação do governo de São Paulo na empresa após a privatização também é uma incógnita, podendo se assemelhar à situação da Copel (CPLE6), onde o Estado possui uma participação menor na empresa.
Potencial de Melhoria na Eficiência
Uma das expectativas mais otimistas em torno da privatização da Sabesp é a melhoria significativa na eficiência operacional da empresa.
Isso envolve a redução das despesas operacionais para liberar recursos para investimentos adicionais, o que é uma notícia positiva para os acionistas minoritários.
Os analistas acreditam que a Sabesp tem espaço para reduzir custos, já que em 2022 registrou margem Ebitda de 41% e despesa operacional de cerca de R$ 12 milhões, enquanto empresas privadas do setor, como Iguá Saneamento, BRK Ambiental e Aegea, apresentaram números mais favoráveis, com margens Ebitda entre 40% e 60% e despesas operacionais inferiores a R$ 2 milhões.
Para alcançar essa redução de custos, a Sabesp pode adotar estratégias como programas de demissão voluntária (PDV) e otimização de despesas com contratos de serviço.
Atualmente, o custo médio de cada funcionário da Sabesp é de R$ 250 mil, enquanto nas empresas privadas não passa de R$ 100 mil. Essa discrepância indica que a empresa tem espaço para reduzir seus gastos pela metade.
Expansão para Além de São Paulo
Outra oportunidade que se abre após a privatização é a possibilidade de expansão das operações da Sabesp para fora do Estado de São Paulo.
Isso está relacionado à previsão de aumento nos investimentos, que passariam de R$ 56 bilhões para R$ 66 bilhões em quatro anos, caso a privatização seja concretizada.
De acordo com o Marco de Saneamento, o objetivo é garantir até dezembro de 2033 que 99% da população tenha acesso à água potável e que 90% tenha tratamento de esgoto.
Atualmente, todos os clientes da Sabesp têm acesso a água tratada, mas apenas 80% têm acesso à coleta de lixo adequada e 78% têm acesso a tratamento de esgoto.
Dividendos Após a Privatização
Apesar de o setor de saneamento ser conhecido por focar na remuneração dos acionistas, não se espera que a Sabesp se torne uma grande pagadora de dividendos no curto prazo após a privatização.
O pagamento de proventos, ou “payout”, deve permanecer próximo ao mínimo regulatório de 25%. Os analistas projetam que os dividendos podem começar a melhorar a partir de 2026, à medida que a empresa ganhe eficiência e seja reestruturada.
Valorização das Ações
Além dos dividendos, há expectativas de que o preço das ações da Sabesp aumente após a privatização. Atualmente, as ações da empresa estão sendo negociadas a um múltiplo de 0,65 vezes o valor de mercado (EV/RAB).
Espera-se que esse múltiplo aumente após a privatização, tornando as ações da Sabesp mais atrativas para os investidores.
Alternativas para Dividendos
Para investidores que buscam dividendos no curto prazo, os analistas consideram que a Sanepar (SAPR4) é a melhor opção, com expectativa de um dividend yield entre 5% e 6%.
Outra alternativa é a Copasa (CSMG3), que projeta um dividend yield de 7% em 2023 e 8% em 2024. Embora a Copasa pague dividendos mais elevados no momento, a Sanepar é vista como mais descontada e com maior potencial de valorização.
Em resumo, a privatização da Sabesp gera expectativas de aumento nos dividendos, mas esses benefícios podem levar algum tempo para se materializar.
A eficiência operacional e a reestruturação da empresa são fatores cruciais que influenciarão a distribuição de proventos no futuro.
Além disso, espera-se que o preço das ações também se valorize após a privatização, tornando a Sabesp uma empresa mais atraente para investidores.