Em 2001, o economista britânico Jim O’Neill, do Goldman Sachs, criou o termo BRIC (ainda sem o “S”) em seu estudo “Building Better Global Economic BRICs” para referir-se aos países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China.
Os analistas consideravam que esses países possuíam características econômicas similares e tinham um alto potencial de alcançar 50% do PIB mundial até 2050 e rivalizar com os países desenvolvidos.
Na época, o banco manteve um fundo de investimento com essa finalidade, atraindo clientes em busca de ganhos. Em 2006, os países do BRIC adotaram o conceito em suas políticas externas.
Em 2011, o agrupamento foi renomeado para BRICS com a inclusão da África do Sul, adicionando o “S” à sigla. Embora não houvesse necessariamente semelhanças econômicas com o restante do grupo, a inclusão foi uma medida política para representatividade regional.
O BRICS não é um bloco econômico como a União Europeia, mas uma aliança que busca acumular força e protagonismo no cenário político e econômico internacional.
Os países do grupo compartilham interesses econômicos e sociais comuns e incentivam a cooperação mútua para se posicionar como um contraponto à soberania dos países desenvolvidos nos fóruns internacionais.
Quais países fazem parte do BRICS?
O acrônimo BRICS é formado pelas iniciais dos nomes em inglês dos países que fazem parte do grupo, sendo eles:
- Brasil
- Rússia
- Índia
- China
- África do Sul.
Origem e objetivo do BRICS: quando e por que o grupo foi criado:
Em setembro de 2006, ministros das Relações Exteriores de Brasil, Rússia, Índia e China se reuniram em Nova York para discutir temas de interesse comum. A partir daí, o grupo começou a atuar em conjunto, incorporando os atributos levantados no estudo do Goldman Sachs e buscando maior representatividade nos fóruns econômicos internacionais.
Em junho de 2009, ocorreu a primeira reunião oficial de líderes dos quatro países-membros fundadores do BRICS, com foco em assuntos como crise econômica global, reforma de instituições financeiras internacionais, mudanças climáticas e segurança alimentar e energética.
Desde então, o grupo promove anualmente uma cúpula para formalizar acordos e tomar medidas em diversos campos, incluindo a criação de uma instituição financeira própria.
O papel atual do BRICS no cenário mundial
O BRICS continua a ter uma relevância significativa na geopolítica global e pode ajudar a equilibrar o poder econômico do mundo. Embora sua ascensão tenha sido afetada durante a pandemia, o grupo ainda superou o desempenho econômico do G7 em 2020.
Desde o lançamento do estudo do Goldman Sachs, o cenário político e econômico global passou por muitas mudanças.
Apesar das crises internas no campo político e econômico, conflitos bélicos e tensões territoriais enfrentadas pelos cinco países heterogêneos que formam o BRICS, o grupo se mantém ativo do ponto de vista econômico e pode fortalecer-se com a possível adesão de novos membros, como a Argentina e o Irã, entre outros.
Esse fortalecimento poderia torná-lo um contraponto ao G7, mesmo que ainda seja alvo de discussões.
Além disso, o BRICS tem se destacado por fortalecer a cooperação Sul-Sul, buscando promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre países em desenvolvimento e empreendendo ações conjuntas para enfrentar desafios globais, como mudanças climáticas e segurança alimentar.
No entanto, o bloco enfrenta desafios decorrentes de pressões políticas e externas, incluindo a crescente rivalidade entre China e Estados Unidos, bem como a volatilidade dos mercados financeiros internacionais. Além disso, a desigualdade econômica e social dentro dos próprios países membros do grupo pode prejudicar a promoção do desenvolvimento sustentável.
Qual o impacto econômico dos BRICS no cenário mundial?
Os países integrantes do BRICS ainda representam um mercado global robusto, somando cerca de 1/3 do PIB mundial e mais de 40% da população do planeta. Esses países são ricos em recursos naturais e agrícolas, como petróleo, gás natural, minério de ferro, soja, milho, trigo e proteína animal, sobretudo em terras brasileiras.
Embora nem todos os fundamentos apontados no estudo do Goldman Sachs tenham prevalecido para todos os países, a China se destacou economicamente, contribuindo para elevar o poder de paridade de compra do grupo, que soma cerca de 18% do comércio mundial.
Para o Brasil, os investimentos chineses foram significativos, totalizando quase US$ 70 bilhões no período entre 2010 e 2021. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e o mais importante destino das exportações de 19 dos 27 estados brasileiros.
Como um dos membros do BRICS, o Brasil tem acesso a tecnologias e conhecimentos avançados em várias áreas, como telecomunicações, biotecnologia e energia.
Além disso, o grupo tem desempenhado um papel importante na promoção da cooperação Sul-Sul e no enfrentamento de desafios globais, como a mudança do clima e a segurança alimentar, apesar de enfrentar desafios como a desigualdade econômica e social e a rivalidade entre China e Estados Unidos.
NBD- Banco do BRICS:
O Banco do Brics (ou NDB) surgiu na Cúpula dos Brics em 2014, em Fortaleza, Brasil, como uma instituição financeira de desenvolvimento para países emergentes. O Brics apresentou a ideia em 2012.
Desde julho de 2015, o NDB tem sua sede em Xangai, na China, e tem como propósito prover financiamento para projetos de infraestrutura em economias emergentes e em desenvolvimento, independentemente de serem membros do grupo ou não. O objetivo é fomentar o crescimento e o desenvolvimento econômico sustentável.
O NDB atua como uma instituição multilateral.