O início do ciclo de queda dos juros, segundo o CEO da C&A, Paulo Correa, ainda não permite à companhia baixar a guarda. O endividamento das famílias, diz ele, deve frear a retomada do consumo, e o efeito do alívio monetário deve ser percebido apenas em 2024. O segundo semestre ainda será de rédeas curtas nos custos e investimentos.
Estratégias de Equilíbrio em um Mercado Competitivo
Em meio à “tempestade perfeita” dos juros altos e da concorrência das varejistas asiáticas, a C&A tem tentado se equilibrar entre dois pilares: melhorar sua eficiência operacional, cortando custos e melhorando a gestão da dívida, e investir em tecnologias que lhe permita ser mais ágil para responder ao comportamento dos consumidores nos dias atuais.
A Influência do Fenômeno Barbie e a Importância da Agilidade
A explosão do fenômeno Barbie é um retrato deste novo comportamento e do “dinamismo do mundo, que hoje está nas redes sociais”, afirma Correa.
“Como prever isso? Não tem como, mas você precisa ser ágil e ter cadeias produtivas mais ágeis”, afirma Correa. A mesma estratégia foi utilizada no e-commerce.
Atuação da C&A no Brasil e Desempenho das Ações
Uma das maiores redes de varejo do mundo, a holandesa C&A tem no Brasil 332 lojas (quase 20% do total), mais de 15 mil funcionários e está em 125 cidades.
Suas ações já subiram mais de 200% desde 1º de março (de menos de R$ 2 para quase R$ 6), mas ainda estão muito longe do valor do IPO (R$ 16,50), feito em outubro de 2019, e do pico histórico (R$ 18,50), batido em 13 de dezembro do mesmo ano.
Impacto dos Juros Altos no Varejo de Moda
Correa diz que o papel está sendo “penalizado” pelo “achatamento” de valor das empresas de varejo em geral, além da taxa de juros (o custo de captação da empresa é CDI+2,16%).
Caracterizado pelo consumo cíclico e demanda elástica, o varejo de moda vem sentindo mais os reflexos dos juros altos, que, além de aumentar as despesas financeiras das empresas, pesam sobre o endividamento e a inadimplência dos consumidores.