No segundo dia do seminário “Combate à Desinformação e Defesa da Democracia”, especialistas e representantes de diferentes setores discutiram estratégias para enfrentar a desinformação, um desafio crescente para a sociedade.
Educação digital, investimentos em jornalismo de qualidade, regulação adequada e a conscientização dos cidadãos emergiram como temas cruciais para combater a disseminação de notícias falsas e preservar a democracia.
Investimento em Jornalismo de Qualidade como Antídoto
Mayara Stelle, cofundadora da organização Sleeping Giants Brasil, enfatizou a necessidade de direcionar recursos financeiros para o jornalismo de qualidade.
Ela argumentou que seria benéfico redirecionar o dinheiro destinado à publicidade em sites de desinformação para veículos de informação confiáveis. Isso fortaleceria o ecossistema de notícias de qualidade, combatendo a desinformação.
Stelle destacou que a desinformação se tornou um modelo de negócio lucrativo. Um estudo do Global de Desinformação (GDI) revelou que a “indústria desinformativa” gerou um lucro de US$ 235 milhões em publicidade online em 2019.
Algumas empresas patrocinam conscientemente a desinformação, enquanto outras podem não estar cientes do que estão financiando.
Regulação e Limites para a Liberdade de Expressão
O professor Edgar Rebouças, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), ressaltou a necessidade de regulamentar as plataformas de internet e a mídia tradicional em resposta à disseminação de desinformação.
Ele argumentou que a desinformação reacendeu o debate sobre a regulação da mídia tradicional e a importância de promover um jornalismo de qualidade.
Além disso, Rebouças apontou a necessidade de estabelecer limites para a liberdade de expressão, mesmo que ainda não haja consenso sobre o assunto.
A qualidade do jornalismo tem sido comprometida desde a eliminação da obrigatoriedade do diploma para jornalistas em 2009, resultando em uma queda na qualidade da informação veiculada.
Educação Digital para Enfrentar a Desinformação
Gustavo Borges, professor da Universidade Estadual de Santa Catarina (Unesc), enfatizou a importância de políticas públicas de educação digital.
Ele destacou que a maior parte da desinformação se propaga por meio de robôs que amplificam informações incorretas, tornando-as mais credíveis.
Para enfrentar esse desafio, é essencial promover a educação digital para capacitar os usuários a identificar e combater a desinformação.
Borges também defendeu a implementação de um código de conduta abrangente em relação à desinformação, similar ao adotado na Europa.
Esse código incluiria medidas como a desmonetização de sites que disseminam desinformação, transparência na propaganda política e a capacitação de usuários e pesquisadores na verificação de fatos.