Enfrentando as iminentes mudanças no Aeroporto Santos Dumont previstas para janeiro, as maiores companhias aéreas – Azul, Gol e Latam – estão se reorganizando.
O objetivo é suprir a demanda transferindo mais voos para o Aeroporto Internacional do Galeão. O que é claro até agora é que as empresas não pretendem contestar a nova regra no judiciário.
Novas Normas e Planos para o Galeão
O novo mandato, sob o nome de Resolução CONAC-MPOR 1/2023, especifica que o Santos Dumont só pode hospedar voos com origem ou destino dentro de um raio de 400 km.
A meta é dar mais vida ao Galeão. A resolução foi recebida com ceticismo por diversos stakeholders, argumentando que limita a competitividade. No entanto, em antecipação, as líderes do setor aéreo já estão realinhando suas estratégias.
A Azul, para começar, tem planos ambiciosos de elevar os voos diários no Galeão de três para 30 a partir de 23 de dezembro.
Por outro lado, a Latam almeja expandir significativamente sua oferta, incorporando voos do Galeão para destinos como Manaus, Recife e Natal em janeiro de 2024. A Gol, não ficando para trás, já começou sua expansão em outubro.
Declarações de Associações do Setor Aéreo
A Abear, uma entidade que representa as companhias aéreas, tem observado as mudanças de perto. Sua postura foi claramente colocada por um representante que afirmou:
“A Abear defende que qualquer decisão federal ou estadual sobre os aeroportos do Rio de Janeiro mantenha alinhamento com a legislação vigente, que prevê liberdade de rotas e isonomia entre as empresas aéreas, respeitando seus modelos de negócio e de operações.”
Impactos e Reações Jurídicas à Decisão
Christian Nielsen, à frente do Mercado Legal, percebe as recentes manobras das companhias aéreas como um sinal de sua adaptação à nova realidade. Ele salienta:
“Não podem se dar ao luxo de correr o risco de que a decisão não seja revertida e, mesmo que seja revertida, isso pode levar anos. Os seus clientes, os passageiros aéreos, precisam de voar agora. Não podem esperar que a política se resolva”.
Ainda assim, profissionais como o advogado Thiago Araújo veem uma janela para contestações judiciais. Por outro lado, Ricardo Souza, um especialista em logística, enfatiza que as empresas têm outros desafios mais prementes, como os crescentes custos operacionais.
Preocupações Internacionais e Disputas Legais
A Alta, que abrange transportadoras aéreas da América Latina e Caribe, não ocultou sua insatisfação. O diretor-executivo, José Ricardo Botelho, foi enfático ao dizer que a nova política “faz o Brasil retroceder décadas de evolução.”
Em relação a desafios legais, o advogado Araújo destaca o papel do Tribunal de Contas da União (TCU). Uma representação atual da Prefeitura de Guarulhos está no centro das atenções, questionando a legitimidade da nova restrição.
Perspectivas Políticas e Fluxo de Passageiros nos Aeroportos
Enquanto isso, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, celebrou publicamente a expansão da Latam no Galeão, e expressou gratidão à Azul por suas novas operações.
Ele tem sido um ferrenho apoiador das novas diretrizes para o Santos Dumont. Em termos de números, no ano passado, Santos Dumont viu um fluxo de cerca de 10 milhões de viajantes, enquanto o Galeão teve quase 6 milhões. Com as novas mudanças, espera-se que esses números se alterem significativamente no próximo ano.