O súbito conflito em Israel, que surpreendeu a todos recentemente e resultou em mais de mil vidas perdidas, tem agitado o mercado brasileiro de petróleo.
Observadores preveem que essa tensão vai causar flutuações de curto prazo nos preços internacionais, mas não chegará à magnitude do que foi visto após o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022.
Estabilidade de Preços e Reações no Mercado
O preço do petróleo se manteve relativamente estável, oscilando entre US$ 85 e US$ 95. “O consumo não tem evoluído”, observou o general Joaquim Silva e Luna, que liderou a Petrobras entre 2021-22. Ele acrescentou, “não houve uma queda na produção da Rússia como o mercado esperava”.
Em resposta aos acontecimentos, o preço do Brent, referência global, subiu 4,2% para US$ 88,15. Esse aumento, embora possa ser temporário, impactou as ações das empresas de petróleo na B3.
Os destaques foram Prio, PetroRecôncavo, 3R Petroleum e Petrobras, que tiveram valorizações expressivas, impulsionando o Ibovespa.
No entanto, a preocupação de que o conflito se intensifique e afete grandes produtores de petróleo como Irã e Arábia Saudita permanece.
Um alto executivo de uma empresa petrolífera ponderou: “Minha impressão é que tudo não passará de mais volatilidade no curto prazo – a não ser que ocorra algum evento ‘fora da curva’”.
Posicionamento da Petrobras
Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobras, compartilhou sua visão, destacando que a empresa está atenta aos desdobramentos.
“Não tem que fazer muito mais do que a gente está fazendo”, assegurou Prates. Ele acrescentou que, embora estejam monitorando, “isso não quer dizer que vamos fazer ajuste o tempo todo”.
Perspectivas e Cenários
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, expressou preocupação com o apoio do Irã ao Hamas, destacando que o maior medo é o Irã bloquear o Estreito de Ormuz, o que desencadearia uma crise sem precedentes no mercado.
Comparativo com Conflitos Anteriores
Silva e Luna destacou as diferenças entre o atual conflito e o anterior entre Rússia e Ucrânia. Ele observou que, no conflito europeu, a Rússia, como terceiro maior produtor mundial de petróleo, estava sujeita a sanções significativas. Ele também relembrou desafios anteriores como a pandemia e a maior seca no Brasil, que já haviam afetado o mercado.
Agora, focando no Oriente Médio, Silva e Luna apontou que Israel e Palestina não são produtores chave. O real temor seria o envolvimento do Irã, um importante produtor, nos ataques do Hamas. Contudo, Silva e Luna é cético: “Sinceramente não vejo o petróleo disparar por causa desse cenário [em Israel]”.
Aprendendo com a História
O general também traçou um paralelo entre o atual conflito e o da Guerra do Yom Kippur em 1973, observando diferenças significativas nos contextos e resultados. Adriano Pires trouxe mais insights, comparando o cenário atual com o segundo choque do petróleo em 1989.
Em resumo, enquanto o mercado de petróleo brasileiro permanece atento às implicações do conflito em Israel, muitos especialistas acreditam que a volatilidade será de curto prazo, a menos que o cenário mude drasticamente.