A investida do Irã contra Israel deve provocar, no curto prazo, uma alta na cotação do petróleo e uma valorização do dólar, tendo como consequências um espaço menor para cortes de juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
A avaliação é do economista André Perfeito, em comentário enviado a clientes.Na noite deste sábado, 13, o Irã confirmou ter iniciado uma ofensiva com drones e mísseis contra Israel, em retaliação pelo ataque aéreo que destruiu o consulado iraniano em Damasco, na Síria, no começo do mês. A investida matou integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana, incluindo um general.
Segundo Perfeito, havia a perspectiva de um inevitável ataque iraniano a Israel, “mas o mercado não reagiu de acordo” ao longo da semana. “Parece-me relativamente claro que o conflito irá se espalhar na região.”+ Leia mais notícias de Economia em OesteCaso haja de fato uma escalada do conflito, Perfeito elenca série de efeitos econômicos de curto prazo:
- uma forte alta do petróleo na próxima semana;
- com a valorização de commodities, os Estados Unidos não cortariam os juros como o mercado esperava;
- os juros mais elevados nos EUA impõem um dólar mais forte ante as demais moedas no mundo;
- diante da valorização do dólar no curto prazo e a manutenção dos juros norte-americanos, o Banco Central do Brasil “perde graus de liberdade para cortar a Selic”; e
- empresas ligadas a commodities “podem se beneficiar”.
“Isto é que podemos pensar num primeiro momento”, afirmou Perfeito. “Temos que avaliar o conjunto dos desdobramentos ao longo da semana.”Irã, petróleo, dólar e cenário “caótico”Dólar tende a se valorizar caso o petróleo se eleve no mercado internacional, avalia o economista André Perfeito | Foto: Reprodução/FreepikO economista chama o momento atual de “caótico”.
Contudo, André Prefeito ainda não vê poder destrutivo para o Brasil, no médio prazo, porque o país é exportador líquido de petróleo. Além disso, as commodities tendem a se apreciar em tempos de guerra.“O Brasil está simplesmente longe demais deste conflito, tanto geograficamente quanto politicamente”, acrescentou Perfeito. “O Brasil pode se beneficiar no médio prazo e digo isso para evitar uma posição vendida acima do desejado em ativos locais.”De acordo com ele, não é possível projetar, ainda, a entrada de outros países no conflito. Entretanto, acredita que, para além da economia, o cenário caminha para um “acerto de contas” global.Revista Oeste, com informações da Agência Estado