Profissionais consultados pela Reuters afirmaram que a comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi de acordo com as expectativas, o que permite a possibilidade de uma redução das taxas dos DIs na próxima sexta-feira, após o feriado no Brasil. Além disso, eles também consideraram o movimento na curva dos Treasuries após a decisão de política monetária do Federal Reserve desta quarta-feira.
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a redução da taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto percentual. Com essa decisão, a taxa passou de 12,75% para 12,25% ao ano. Além disso, o Copom reforçou a mensagem de que futuras reduções de meio ponto percentual serão adotadas nas próximas reuniões, ou seja, nos encontros de dezembro e janeiro.
Em um comunicado, o Banco Central ressaltou a relevância do impacto da recente elevação das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos para o contexto econômico interno do Brasil. Ao mesmo tempo, reafirmou a importância de o país cumprir as metas fiscais estabelecidas.
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve sua avaliação sobre a situação fiscal inalterada, apesar das recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira sobre a meta de primário zero para 2024.
De acordo com especialistas consultados pela Reuters, o comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), juntamente com o impacto causado pelo Federal Reserve (Fed) na curva de juros dos Estados Unidos nesta quarta-feira, indica que as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) devem continuar caindo na sexta-feira, desde que não surjam dados na quinta-feira que mudem o cenário global.
“Considerando a reação dos rendimentos dos Treasuries após a decisão do Fed na quarta-feira, é possível que as taxas dos DI no Brasil ainda não tenham atingido o seu limite de queda”, observou Flavio Serrano, economista-chefe do banco Bmg. “Se não houver nenhuma surpresa amanhã com os dados de auxílio-desemprego nos EUA e na abertura dos negócios na sexta-feira, com o payroll, é provável que as taxas futuras continuem a cair.”
Nesta quarta-feira, as taxas dos contratos futuros de juros no Brasil registraram perdas significativas, acompanhando a queda dos rendimentos dos Treasuries. Esse movimento ocorreu em parte devido à decisão do Federal Reserve de manter sua taxa de juros entre 5,25% e 5,50%, ao mesmo tempo em que ressaltou as condições financeiras mais restritivas enfrentadas pelas empresas e famílias.
Isso está de acordo com a interpretação de que o aumento dos rendimentos pode estar ajudando a controlar a inflação nos EUA, dispensando assim novos aumentos nas taxas de juros.
Segundo Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, houve um importante fechamento do juro americano de 10 anos na quarta-feira, com uma queda de quase 20 pontos-base. Ao considerarmos esse comunicado do Copom juntamente com a melhora do cenário internacional, há uma possibilidade de que a curva brasileira também seja beneficiada e se aproxime.
Contudo, Victal também considera que a sexta-feira será dominada pela publicação do relatório sobre empregos (payroll) nos Estados Unidos.
“Dado que o Banco Central deu uma grande importância ao cenário internacional no comunicado, o mercado também estará atento ao relatório de emprego (payroll).”
No mercado forex, de acordo com Serrano, a resposta do dólar ao anúncio do Copom provavelmente será mais moderada, embora as cotações ainda estejam influenciadas pelos eventos internacionais.
A pressão de queda do dólar em relação ao real nesta quarta-feira pode continuar, levando em consideração o fechamento da curva de juros nos Estados Unidos. No entanto, isso também depende dos números que serão divulgados na quinta e sexta-feira nos EUA, além da dinâmica do mercado brasileiro. Geralmente, a liquidez costuma ser menor nas sextas-feiras que antecedem um feriado e o fim de semana.