No domingo, a Argentina fez a escolha de eleger o libertário de direita Javier Milei como seu novo presidente. Esta decisão é uma aposta do país em um político fora do establishment, que possui visões radicais, com o objetivo de impulsionar uma economia que tem sofrido com inflação de três dígitos, uma recessão iminente e um crescente aumento da pobreza.
“Milei, que capitalizou uma onda de indignação dos eleitores contra o status quo político, conquistou uma vitória por uma margem maior do que o esperado. Ele garantiu aproximadamente 56% dos votos, enquanto seu adversário, o ministro da Economia peronista Sergio Massa, admitiu a derrota com pouco mais de 44% dos votos.”
“O modelo de decadência atingiu seu limite, não há chance de retorno”, declarou Milei em um discurso corajoso após o resultado, ao mesmo tempo em que reconheceu as dificuldades que aguardam por ele.
“Estamos diante de desafios enormes: inflação, desemprego e pobreza”, declarou ele. “A situação é urgente e não podemos nos contentar com soluções parciais e pouco enérgicas.”
Centenas de apoiadores de Milei se reuniram no coração de Buenos Aires, fazendo soar suas buzinas e cantando em uníssono o famoso refrão “fora com todos eles”, que repudia a elite política. A animada multidão foi embalada pelo som do rock que ecoava nos alto-falantes, e alguns até lançaram fogos de artifício.
“Estamos aqui para celebrar essa vitória histórica”, afirmou Efrain Viveros, um jovem estudante de 21 anos da província de Salta. “Sinceramente, estou eufórico. Milei representa a mudança, para melhor. Com Massa, não teríamos um futuro promissor, mas agora nosso futuro está de volta.”
A candidata Milei está propondo uma abordagem surpreendente para enfrentar os problemas econômicos. Suas propostas envolvem medidas como o fechamento do banco central, a renúncia ao uso do peso como moeda e cortes de gastos. Essas medidas podem ser consideradas dolorosas por alguns eleitores, que estão insatisfeitos com a atual crise econômica.
“Estamos diante de Milei, uma figura relativamente desconhecida que desperta um certo receio, porém é chegada a hora de virarmos essa página”, comentou Cristian, um funcionário de 31 anos de um restaurante, enquanto exercia seu direito de voto no domingo.
“Milei enfrenta desafios imensos à frente. Ele terá que lidar com a falta de recursos nos cofres do governo e no banco central, além de um programa de dívida de 44 bilhões de dólares junto ao Fundo Monetário Internacional. Além disso, enfrenta uma inflação alarmante de quase 150% e uma impressionante variedade de controles de capital.”
A eleição de Milei causa importantes mudanças no panorama político e econômico da Argentina, podendo afetar o comércio de grãos, lítio e hidrocarbonetos. Milei expressou críticas à China e ao Brasil, afirmando que não negociará com “comunistas”, e busca fortalecer as relações com os Estados Unidos. Essas posições têm o potencial de impactar significativamente as relações comerciais do país em diferentes setores.
“Apesar disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou votos de sorte e sucesso a Milei após a divulgação do resultado, ressaltando a importância de preservar a democracia.”
“O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou seus parabéns a Milei, elogiando o libertário e expressando confiança de que ele ajudará a Argentina a recuperar sua grandeza.”
O presidente colombiano de orientação política de esquerda, Gustavo Petro, expressou seu pesar, afirmando que era um “dia triste” para a região.
Após o primeiro turno das eleições em outubro, Milei estabeleceu uma parceria com os conservadores. No entanto, ele está lidando com um Congresso altamente fragmentado, sem nenhum bloco majoritário, o que implica que ele precisará buscar apoio de outras facções para aprovar leis. Além disso, a coalizão liderada por Milei não conta com nenhum governador ou prefeito.