Nesta quarta-feira, os ministros da Defesa e das Finanças de Israel tiveram um embate acalorado em relação à transferência de receitas fiscais da Cisjordânia para a Autoridade Palestina. Esse episódio evidencia as tensões dentro do governo, especialmente à medida que as forças israelenses continuam com a guerra em Gaza.
O Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, fez um apelo para que as receitas fiscais cobradas por Israel em nome dos palestinos nas áreas da Cisjordânia que estão sob controle direto de Israel sejam liberadas sem atraso.
“O Estado de Israel tem o interesse de preservar a paz e a tranquilidade na região da Judeia e Samaria, particularmente durante estes tempos”, afirmou Gallant em entrevista televisiva. Ele utilizou o termo frequentemente empregado em Israel para se referir à região da Cisjordânia, onde tem ocorrido um aumento significativo da violência desde o início da guerra contra o Hamas há três semanas.
“É essencial que os fundos sejam transferidos imediatamente, a fim de que possam ser utilizados pelas instituições operacionais da Autoridade Palestina e pelos setores responsáveis pela prevenção ao terrorismo”, afirmou.
Ele expressou que é adequado manter a decisão tomada pelo gabinete há vários dias.
Sob os termos dos acordos de paz temporários, o Ministério das Finanças de Israel é responsável por arrecadar impostos em nome dos palestinos e transferir mensalmente esses recursos para a Autoridade Palestina, que tem um governo limitado na Cisjordânia ocupada. No entanto, tem havido disputas frequentes em relação a esse acordo.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, pertencente a um partido nacionalista religioso de linha-dura, que possui grande apoio entre os colonos judeus na Cisjordânia, criticou a postura de Gallant ao solicitar a liberação das verbas, classificando-a como um “grave erro”.
Smotrich reiterou sua oposição à transferência dos fundos, que seriam utilizados para pagamento de salários do setor público e outras despesas do governo. Ele acusa os palestinos na Cisjordânia de apoiarem o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, que resultou em mortes.
“Eu não vou permitir que o Estado de Israel forneça financiamento aos nossos inimigos na Judeia e Samaria, os quais apoiam o terrorismo do Hamas e financiam os terroristas responsáveis pelo ataque de 7/10 que resultou em mortes e massacres”, afirmou o comunicado.
Os dois ministros já tiveram discordâncias no início deste ano. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, demitiu Gallant quando o ministro expressou sua oposição aos controversos planos de reforma do Poder Judiciário do governo. No entanto, Netanyahu voltou atrás em sua decisão devido à intensa reação pública.