O Parlamento russo deu início nesta terça-feira ao procedimento para cancelar a ratificação do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares, e o presidente da câmara baixa alertou os Estados Unidos de que a Rússia pode até mesmo se retirar completamente do pacto.
A Rússia afirmou que seu objetivo é restabelecer a paridade com os Estados Unidos, pois estes assinaram o tratado de 1996, mas nunca o ratificaram. Além disso, a Rússia declarou que não retomará os testes nucleares, a menos que os Estados Unidos também o façam.
No entanto, especialistas em controle de armas estão expressando preocupações em relação à perspectiva de a Rússia estar se preparando para realizar um teste que poderia marcar o início de uma nova era de grandes potências nucleares. Essa potencial ação é vista pelo Ocidente como uma escalada nuclear russa em meio à guerra da Ucrânia.
A retirada da ratificação foi aprovada por unanimidade, sem nenhuma abstenção, na primeira votação pela câmara baixa do Parlamento russo, a Duma.
“O ato de votar é uma forma de responder aos Estados Unidos, especificamente à sua abordagem inadequada em relação à responsabilidade de manter a segurança mundial”, afirmou Vyacheslav Volodin, presidente da Câmara e membro do Conselho de Segurança do presidente Vladimir Putin. “
“O próximo passo que tomaremos, se continuaremos a participar do tratado ou não, não será revelado a eles. Devemos considerar a segurança global, a segurança de nossos cidadãos e agir de acordo com seus interesses”, afirmou Volodin.
Volodin afirmou que os Estados Unidos solicitaram à Rússia, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), que não anulasse a ratificação do tratado.
Ele explicou que a ação tomada por Moscou foi um aviso para Washington devido à sua falta de ratificação durante os últimos 23 anos. Vale ressaltar que a Rússia ratificou o tratado em 2000.
No dia 5 de outubro, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que não estava disposto a decidir se a Rússia deveria ou não retomar os testes nucleares, após receber apelos de especialistas em segurança e parlamentares russos. Esses apelos sugeriam que o país realizasse um teste nuclear como forma de advertência ao Ocidente.
Até agora apenas a Coreia do Norte realizou um teste nuclear neste século, nenhum outro país seguiu esse caminho.
A Rússia depois do colapso da União Soviética nunca conduziu qualquer teste nuclear. O último teste nuclear realizado pela União Soviética ocorreu em 1990, seguido pelos Estados Unidos em 1992.