A 7ª edição do relatório FInfluence da Anbima mostra que apenas 9 perfis aceitaram fazer publicidade de apostas esportivas de 175 mapeados.
“Vou soltar uma polêmica e vou embora. A verdade é a seguinte: investimento não é só para ricos e aposta não é investimento”.
Esta é a fala da Nath Finanças em um vídeo publicado no seu Instagram há um mês. A influenciadora e empresária fez graça, mas não foi embora. No vídeo ela explica porque as apostas esportivas não podem ser consideradas investimentos.
A fala destoa na rede social em que postagens recomendando as apostas online e ensinando a mexer nas bets é predominante.
Nath Finanças, entretanto, não é a única. Há alguns dias, o “Primo Pobre”, Eduardo Feldberg, promoveu no Instagram um podcast para “falar a real sobre apostas esportivas”.
O 7º relatório FInfluence da Anbima, divulgado nesta quarta-feira (13), mostra que 95% de 175 influenciadores de finanças, entre pessoas físicas e jurídicas, se posicionaram contra as bets em suas redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube e X).
Amanda Brum, gerente-executiva da Anbima, disse ao InfoMoney que um grande número desses influenciadores são procurados com frequência pelas empresas de apostas online para promoverem publicidade.
“Eles reclamam do caminhão de dinheiro que essas empresas oferecem. Mas a resposta é sempre não, por uma questão de compromisso com o conteúdo” — Amanda Brum, gerente-executiva da Anbima
Apenas nove perfis dos 175 mapeados pela Anbima cederam ao “caminhão de dinheiro” e fizeram publicidade para as bets em seus perfis. Brum, entretanto, afirma que são influenciadores de menor alcance.
“Seria o melhor dos mundos para essas empresas de apostas ter um influenciador grande publicando em seu perfil que aposta é investimento, mas nenhum dos mapeados pela Anbima se mostrou propenso a isso”, diz a gerente.
Educação x críticas
Fazer publicidade não é uma opção, mas o tema bets é abordado de outras formas: metade dos perfis (47,3%) optaram por educar seus seguidores a respeito das apostas esportivas, enquanto a outra metade (47,7%) escolheu o caminho das críticas.
“Os influenciadores detalham os casos de pessoas que perderam grandes quantias. Eles aproveitam esses episódios reais para alertar sobre os riscos financeiros das bets. Além disso, ressaltam os prejuízos dos apostadores em termos de saúde mental”, diz o relatório.
Entre os tópicos escolhidos pelos influenciadores pessoas físicas estão alertas sobre perfis fraudulentos por trás de bets, críticas a celebridades que promovem jogos de azar na internet e revisões de jogos para avaliar de maneira crítica a eficácia e o grau de segurança das casas de apostas.
O engajamento do assunto é tão alto que supera a média de interações de todos os perfis de finanças acompanhados pela Anbima no relatório passado, do segundo semestre de 2023.
As interações com o assunto bets entre janeiro e julho foi de 1.846 em média, por post. No FInfluence passado, a média de interações por post era de 1.824.
Os perfis corporativos – nos quais o InfoMoney se destaca – se concentraram em noticiar as propostas de legalização de cassinos e apostas esportivas, indica o relatório da Anbima.