A empresa farmacêutica Johnson & Johnson divulgou dados na última sexta-feira que mostram que um comprimido desenvolvido por eles pode oferecer proteção contra uma forma do vírus da dengue. O teste de desafio em humanos, conhecido como “Challenge test”, foi realizado nos Estados Unidos e obteve resultados promissores em um grupo seleto de pacientes.
“A empresa afirmou, durante a apresentação dos dados na reunião anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene em Chicago, que atualmente não há tratamentos específicos para combater a dengue, uma ameaça em constante crescimento mundial.”
“Marnix Van Loock, supervisor de pesquisa de patógenos emergentes na Janssen, divisão da J&J, afirmou que este é o primeiro medicamento a demonstrar atividade antiviral contra a dengue.”
Nos testes de desafio humano, os cientistas realizam experimentos nos quais expõem propositalmente indivíduos saudáveis a um agente patogênico, com o objetivo de testar uma vacina ou tratamento específico, ou para obter uma maior compreensão sobre a doença que esse agente causa.
A dengue, apesar de frequentemente não apresentar sintomas, é famosa por receber o apelido de “febre quebra-osso” devido à intensa dor nas articulações e aos espasmos musculares que alguns pacientes experimentam.
No começo deste mês, o cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Jeremy Farrar, alertou sobre o impacto devastador da doença que há muito tempo afeta uma grande parte da Ásia e da América Latina. A doença provoca milhões de infecções e dezenas de milhares de mortes todos os anos, mas o preocupante é que acredita-se que sua propagação aumentará ainda mais devido às mudanças climáticas.
À medida que as mudanças no clima ocorrem, criam-se mais áreas propícias para a reprodução dos mosquitos transmissores da doença. Isso significa que a doença terá a chance de se espalhar mais facilmente e afetar um número ainda maior de pessoas.
Farrar explicou que os mosquitos que transmitem a doença são altamente sensíveis às condições climáticas, e as mudanças no clima podem criar climas mais quentes e úmidos, ideais para a reprodução desses mosquitos. Além disso, as mudanças climáticas também alteram os padrões de migração de diversas espécies, incluindo os mosquitos, fazendo com que eles se movam para novas áreas e ampliem seu alcance.
Essa propagação da doença representa uma grande preocupação para a saúde pública global. Farrar enfatizou a importância de tomar medidas preventivas e de controle para evitar uma epidemia ainda maior. Ele destacou que a prevenção é fundamental, incluindo o uso de repelentes de mosquitos, o uso de roupas protetoras e a eliminação de criadouros de mosquitos, como recipientes de água parada.
Além disso, Farrar ressaltou a necessidade de pesquisas contínuas sobre a doença, a fim de desenvolver novas estratégias de prevenção e tratamento. Ele afirmou que é essencial investir em pesquisas científicas para entender melhor a doença e encontrar soluções eficazes.
Em resumo, a doença continua a afetar gravemente muitas regiões da Ásia e da América Latina, e sua propagação pode se intensificar devido às mudanças climáticas. É crucial que sejam implementadas medidas preventivas e de controle, e que sejam realizadas pesquisas contínuas para combater essa doença e proteger a saúde pública global.
De acordo com um ensaio realizado pela Escola de Saúde Pública Bloomberg da Johns Hopkins, dez voluntários foram submetidos a um experimento envolvendo a pílula da J&J e foram injetados com uma forma de dengue cinco dias depois. Durante um período de 21 dias, eles continuaram a tomar a pílula regularmente.
Durante 85 dias de observação, seis dos dez indivíduos não apresentaram nenhum vírus detectável da dengue no sangue. Além disso, não houve evidência de resposta do sistema imunológico à infecção pelo vírus neste período.
“No grupo de placebo, seis indivíduos que receberam uma injeção de dengue também apresentaram vírus detectáveis durante os testes. Durante o ensaio, os participantes receberam cuidados médicos padrão sempre que necessário, e o vírus utilizado foi uma versão enfraquecida para reduzir os sintomas.”
A Johnson & Johnson anunciou que os dados preliminares de seus ensaios clínicos de Fase II para uma pílula que visa prevenir os diferentes tipos de dengue são promissores. Esta pesquisa foi realizada em um ambiente do mundo real, onde a doença é prevalente. Agora, o próximo passo será avaliar a eficácia da pílula como tratamento.
“Segundo a J&J, o medicamento tem a capacidade de bloquear a atividade de duas proteínas encontradas no vírus, impedindo sua reprodução. Além disso, foi observado que todos os participantes do ensaio apresentaram boa tolerância ao medicamento.”
No futuro, será primordial assegurar o acesso ao novo medicamento, caso ele se mostre eficaz em países de baixa e média renda, onde é mais necessário. Essa questão torna-se ainda mais relevante ao lembrarmos do desafio enfrentado pela vacina contra a dengue, que recentemente recebeu apoio da OMS.
“De acordo com Van Loock, estamos em estágio inicial de desenvolvimento, mas estamos empenhados em avançar nesse assunto.”