Recentemente, a Casas Bahia (BHIA3) entrou em processo de recuperação extrajudicial. Anunciado na noite do dia 28 de abril, a notícia resultou em uma alta de 34,19% nas ações da varejista.
Com isso, a empresa recuperou metade das perdas registradas em 2024. Inclusive, nesta quarta-feira (8), a companhia fará a divulgação de resultados do primeiro trimestre deste ano.
Para quem não está familiarizado com o tema, a recuperação extrajudicial trata-se de uma ferramenta de negociação entre a companhia devedora e os credores, sem intervenção judicial. Em linhas gerais, ela pressupõe que a situação econômico-financeira da empresa é frágil, mas ainda compatível com uma renegociação parcial.
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No caso das Casas Bahia, ela utilizou o instrumento por entender que a renegociação de sua dívida financeira é suficiente para trazer fôlego ao caixa da varejista, em curto prazo. Abaixo, você confere mais detalhes sobre o caso envolvendo a empresa.
A falência é uma realidade para as Casas Bahia?
Segundo Georgina Jorge, analista do Banco do Brasil (BB) Investimentos, a ação movida pela varejista permitiu a manutenção dos pagamentos devidos às demais classes de credores não abrangidos pela recuperação judicial.
Ou seja, isso afasta o risco de uma recuperação judicial, que traria implicações negativas a toda operação da empresa. Mesmo assim, a aprovação se dá com o atingimento de 50% mais um do quórum, que já foi atingido antes da preposição da recuperação extrajudicial.
Diferentemente dos grandes pedidos de recuperação judicial, a recuperação extrajudicial, visto que se trata de um acordo privado entre devedores e credores, não costuma chamar muito a atenção. Cabe destacar que o recurso está previsto na Lei º11.101/2005, Lei de Falências e Recuperação de Empresas, tratando-se ambas de instrumentos para a recuperação de companhias.
Cenário atual
Para Georgina Jorge, a proposta de reperfilamento de R$ 4,1 bilhões reduz a pressão de curto prazo no caixa das Casas Bahia e, consequentemente, “permitindo à gestão concentrar esforços na execução das alavancas operacionais do Plano de Transformação”.
Além disso, ainda segundo a especialista, há uma elevação do prazo médio da dívida de 22 para 72 meses, com redução de 1,5 ponto percentual no custo médio.
Georgina Jorge destaca que a BB Investimentos considera a recuperação extrajudicial positiva à medida em que permite o reperfilamento da dívida de forma mais ágil.
“Em última instância, afasta o risco de uma recuperação judicial iminente e permite à companhia amadurecer as inciativas relacionadas ao seu Plano de Transformação“, explicou.
No entanto, a corretora mantém a recomendação de venda das ações das Casas Bahia, com preço-alvo de R$ 9,80. A opinião reflete a incerteza sobre as condições macroeconômicas. Além disso, ainda há o risco de necessidade de novas captações de recursos da varejista não serem bem-sucedidas.
“Os demais riscos observados são inerentes ao Plano de Transformação em si, combinado com um cenário macroeconômico ainda adverso ao consumo de bens duráveis“, salientou Georgina Jorge.
Devido a esta incerteza, a corretora se mantém conservadora no que diz respeito à relação companhia, destacando que o alívio da empresa depende da rentabilidade e geração de caixa, além dos outros fatores mencionados há pouco.