As taxas dos DIs apresentaram poucas variações no fechamento desta quinta-feira, em um dia em que os rendimentos dos Treasuries tiveram aumento no cenário internacional. Ao mesmo tempo, observou-se uma perspectiva mais favorável em relação à área fiscal brasileira, após a aprovação da reforma tributária no Senado.
Na quarta-feira, o Senado aprovou, em primeiro e segundo turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária. A PEC visa unificar tributos e impor um limite para o crescimento da carga tributária, entre outras medidas. Após as modificações realizadas pelos senadores, o texto agora retornará para a Câmara dos Deputados.
Esta semana, a aprovação da reforma tributária no Senado trouxe mais boas notícias para a área fiscal. Além disso, o governo decidiu não enviar imediatamente ao Congresso uma proposta para mudar a meta fiscal de 2024, que atualmente é de resultado primário zero. Embora haja expectativas no mercado financeiro de que o governo não consiga atingir essa meta, a manutenção do objetivo, mesmo que temporária, resultou na diminuição dos prêmios da curva a termo nas últimas sessões.
Na quinta-feira, os fatores internos mantiveram as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) baixas durante a maior parte da sessão. Enquanto isso, no exterior, os rendimentos dos Treasuries continuaram a ter ganhos após declínios recentes.
“De acordo com o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco, a aprovação da reforma tributária pelo Senado e a manutenção da meta fiscal na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) são indicativos positivos. Essas medidas contribuem de forma modesta, porém significativa, para o mercado de juros.”
Durante um evento da Reuters pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, abordou a incerteza em relação ao futuro fiscal do Brasil e como essa incerteza afeta a política monetária. Ele destacou que qualquer alteração na meta de resultado primário para o próximo ano dificultaria as projeções.
A elevação dos rendimentos dos títulos do Tesouro, entretanto, estava freando a diminuição dos prêmios da curva brasileira.
Durante a tarde, houve uma mudança no cenário. O presidente do Federal Reserve de Richmond, Thomas Barkin, afirmou que, embora tenha havido avanços significativos no combate à inflação, ele ainda não tem certeza se será necessário elevar as taxas de juros para finalizar o processo.
“Ainda não temos certeza se será necessário que nos esforcemos mais para uma desaceleração que controle a inflação, e é por isso que apoiei a decisão de manter as taxas de juros em nossa reunião mais recente”, afirmou.
Além disso, um leilão de títulos do Tesouro dos Estados Unidos ajudou a impulsionar os rendimentos e fez com que as taxas dos contratos de juros futuros (DIs) no Brasil se aproximassem da estabilidade.
“Durante a manhã, o mercado estava relativamente tranquilo com um ambiente favorável, com as taxas de juros caindo no Brasil e, nos Estados Unidos, subindo um pouco. No entanto, os juros futuros here in Brazil começaram a subir mais intensamente após declarações de um dos membros do Federal Reserve”, explicou Rafael Sueishi, chefe de renda fixa da Manchester Investimentos.
Neste contexto, os investidores estavam esperando pelas declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante um evento que aconteceria às 16h.
Powell declarou durante uma conferência organizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que o Federal Reserve (Fed) não está seguro de que a taxa de juros nos Estados Unidos está suficientemente alta para combater a inflação. Ele acrescentou que, se for necessário, a política monetária será ainda mais apertada para lidar com essa questão. Powell afirmou que o Fed não hesitará em tomar medidas adicionais, caso julguem apropriado.
Depois das declarações de Powell, os rendimentos dos títulos do tesouro dos EUA com duração de 10 anos permaneceram elevados, embora ainda estejam distantes do pico recente de 5%. Por outro lado, as taxas dos contratos de DIs mais importantes se recuperaram e encerraram praticamente no mesmo patamar de antes.
No fechamento do mercado, a curva a termo indicava que havia uma probabilidade de 91% de que o corte da taxa básica Selic em dezembro fosse de 0,50 ponto percentual, conforme sinalizado pelo Banco Central. Por outro lado, as chances de um corte de apenas 0,25 ponto percentual eram de 9%. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
No final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 10,795%, ligeiramente acima dos 10,791% registrados no encerramento anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 ficou em 10,58%, um pouco abaixo dos 10,582% do ajuste anterior.
As taxas de juros de contratos de longo prazo apresentaram ligeiras variações. Para o contrato de janeiro de 2027, a taxa era de 10,7%, comparada a 10,701% anteriormente. Já para o contrato de janeiro de 2028, a taxa era de 10,92%, em comparação a 10,913% anteriormente.
Às 17:00 (horário de Brasília), a taxa de retorno dos títulos do Tesouro de dez anos – um indicador global importante para decisões de investimento – estava subindo 12,40 pontos-base, alcançando 4,632%.