A dinâmica das importações de diesel no Brasil tem experimentado transformações significativas. Essas mudanças, marcadas por quedas constantes, com exceção de um aumento em agosto, estão redefinindo o mercado de combustíveis no país. Vamos explorar as razões por trás dessas flutuações e entender como elas afetam o setor de distribuição de combustíveis no Brasil.
A Queda Sustentada nas Importações de Diesel
A redução nas importações totais de diesel no Brasil começou a se manifestar em março e tem se mantido desde então. O relatório do Itaú BBA destaca várias razões para essa diminuição.
Um dos principais motivos é o aumento da oferta de diesel no mercado interno, tornando menos necessária a importação desse combustível.
Outro fator importante é a possível diferença de preço entre o diesel fornecido pela Petrobras e o diesel importado. Quando essa diferença não é vantajosa, torna-se menos atrativo para as empresas do setor de combustíveis realizar importações.
Exceção em Agosto: Causas e Implicações
Apesar do cenário geral de redução nas importações, o mês de agosto apresentou uma exceção notável com um aumento nas importações de diesel.
De acordo com o relatório do Itaú BBA, esse aumento pode ser atribuído a efeitos sazonais específicos, ou seja, eventos que ocorrem em determinados meses do ano. Além disso, agosto registrou um aumento nas importações de diesel russo em detrimento de outras fontes.
No entanto, é importante notar que esse aumento não representa necessariamente uma tendência de recuperação sustentável nas importações, e é necessário considerar o contexto mais amplo.
Impacto nas Distribuidoras de Combustíveis
As mudanças nas importações de diesel e nas dinâmicas de preços têm um impacto significativo nas distribuidoras de combustíveis.
O Itaú BBA observa que a combinação de maior oferta de diesel no mercado brasileiro e a estabilidade dos preços praticados pela Petrobras pode reduzir a atratividade do mercado para os importadores independentes.
Essa mudança na dinâmica de mercado pode criar um ambiente mais competitivo para as grandes distribuidoras de combustíveis.
Elas podem se beneficiar da redução da concorrência representada pelos importadores independentes, o que, por sua vez, pode resultar em margens de lucro mais amplas e na recuperação do Retorno sobre o Capital Investido (ROIC).
Vibra Energia: Destaque no Mercado
No setor de distribuição de combustíveis, a Vibra Energia (VBBR3) se destaca como uma das empresas preferidas pelos investidores.
O Itaú BBA estabeleceu um preço-alvo de R$ 19,30 para as ações da Vibra Energia, com base em sua avaliação das condições favoráveis que a empresa possui para se beneficiar do atual cenário competitivo no mercado de diesel.
Um ponto relevante a ser destacado é que a Vibra Energia já aumentou sua participação de mercado em julho, enquanto suas concorrentes diretas, como a Ipiranga (subsidiária da Ultrapar) e a Raízen (RAIZ4), viram suas fatias de mercado diminuírem no mesmo período.
Importadores Independentes: Reviravolta nas Importações
Em meses anteriores, os chamados “importadores independentes” desempenharam um papel importante no mercado brasileiro de diesel, aumentando significativamente as importações.
No entanto, o Itaú BBA estima que, embora os dados de agosto ainda não estejam disponíveis, a participação desses importadores no mercado provavelmente diminuirá.
A forte queda de 56% nas importações em julho sugere que os importadores independentes podem estar revendo suas estratégias devido ao ambiente menos favorável para a importação de diesel. Isso, por sua vez, pode levar a um aumento nos contratos com as principais distribuidoras de combustíveis.
Avaliação Comparativa: Vibra Energia e Ultrapar
Dentro da cobertura do Itaú BBA, as ações da Vibra Energia e da Ultrapar (UGPA3) se destacam. No entanto, a análise sugere que a Vibra Energia é a opção mais atraente, principalmente devido à sua avaliação favorável.
A empresa apresenta um múltiplo Preço/Lucro (P/E) de 11,6x, o que está abaixo de sua média dos últimos cinco anos.
Por outro lado, a Ultrapar é negociada a um múltiplo P/E de 16x, que se aproxima de sua média histórica. O preço-alvo estabelecido pelo Itaú BBA para a Ultrapar é de R$ 19,20.
Desempenho das Ações
Ambas as empresas, Vibra Energia e Ultrapar, tiveram desempenho positivo ao longo do ano. A Vibra Energia registrou um aumento de 23,60%, enquanto a Ultrapar teve um crescimento ainda mais expressivo, de 51,6%.