Na terça-feira, as taxas dos DIs tiveram uma queda significativa, chegando a mais de 20 pontos-base em alguns prazos, seguindo a queda nos rendimentos dos títulos dos EUA. Isso ocorreu após a divulgação de dados favoráveis sobre a inflação nos Estados Unidos, que diminuíram a expectativa de aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve.
No início do dia, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) já apresentavam oscilação negativa, porém, essa tendência se acentuou depois que foram divulgados dados de inflação nos Estados Unidos às 10h30.
Segundo informações do Departamento do Trabalho, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) permaneceu estável no mês passado e apresentou um aumento acumulado de 3,2% nos últimos 12 meses até outubro. Em setembro, o CPI havia registrado um aumento de 0,4%, enquanto nos últimos 12 meses até setembro havia atingido 3,7%. Economistas consultados pela Reuters esperavam um aumento de 0,1% no mês e de 3,3% na comparação anual.
“Segundo Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o resultado do CPI foi positivo e está levando a uma queda na curva de juros no Brasil em todos os vencimentos. No momento em que o CPI foi divulgado, houve uma explosão no mercado de ações e os rendimentos dos títulos públicos foram ainda mais reduzidos. Isso gerou uma euforia no mercado, que agora, no período da tarde, passou por uma correção.”
A motivação por trás desse movimento é a análise de que o Federal Reserve provavelmente não irá implementar novos aumentos nas taxas de juros em um futuro próximo.
“De acordo com os dados do CPI de outubro, que ficaram ligeiramente abaixo das expectativas do mercado, é provável que o Comitê de Política Monetária dos EUA (FOMC) decida manter a taxa de juros no mesmo patamar atual, entre 5.25% e 5.5%, encerrando assim o ciclo de aumento”, afirmou Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, em uma análise enviada aos clientes.”
“Na minha opinião, ainda veremos oscilações nos mercados, mas o ponto importante atualmente é por quanto tempo a política monetária precisará permanecer restritiva”, adicionou.
No Brasil, os dados do CPI, juntamente com os números do setor de serviços divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) durante a manhã, contribuíram para a finalização da curva a termo.
Em setembro, houve uma queda de 0,3% no volume de serviços em comparação com agosto, além de uma queda de 1,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Estes dados decepcionaram as expectativas dos economistas, que esperavam um crescimento de 0,3% em relação ao mês anterior e de 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
“A queda das taxas futuras foi impulsionada tanto pela curva de CPI quanto pela fragilidade do dólar no mercado interno, além dos dados do setor de serviços. Esses fatores contribuíram para consolidar a diminuição das taxas, conforme observou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM.”
No final da tarde, no contexto atual, a taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 10,545%, uma queda em relação ao valor anterior de 10,727%. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 ficou em 10,275%, também apresentando uma queda em relação ao ajuste anterior de 10,498%.
“Entre os contratos de longo prazo, a taxa para janeiro de 2027 diminuiu para 10,415% em comparação com 10,63%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 ficou em 10,645% em relação a 10,838%. O contrato para janeiro de 2031 registrava uma taxa de 11,02%, contra 11,188%.”
No fechamento, a curva a termo indicava uma probabilidade de 96% de que o corte da taxa básica de juros Selic em dezembro seria de 0,50 ponto percentual, como tem sido comunicado pelo Banco Central. Em contraste, a probabilidade de um corte de apenas 0,25 ponto percentual era estimada em 4%. Vale ressaltar que a taxa Selic atualmente está em 12,25% ao ano.
No horário de 16:36, o rendimento do Treasury de dez anos, que é uma importante referência global para decisões de investimento, registrava uma queda de 17,90 pontos-base, chegando a 4,4531%.